terça-feira, abril 24, 2007

POOC, e “Alabote” pró baú

Está aberta a discussão sobre o ordenamento da costa sul de S. Miguel. Do valioso património natural que Santa Clara possuía, após o aeroporto ter destruído quase por completo a “Mata da Doca”, resta preservar, requalificando sem arrasar, a pitoresca e historicamente consagrada orla marítima de Santa Clara. Não é desenvolvimento o “progresso” que sufoca sem deixar alternativas. Depois, é o que se vê!
Da “Mata da Doca” e “Calhau da Areia” de outrora ficam as histórias. Como a que me foi recordada recentemente, com pormenores que não conhecia, por um dos seus protagonistas:
Em finais da década de 60 brincavam três amigos numa das extremas da “Mata da Doca” – viver em Santa Clara sem ganhar alcunha é raridade. Aqui vão os “apelidos” do trio; “Macarrão”(ainda por cá), “Gigante” (já falecido) e “Língua” (emigrado) –, quando, tendo encontrando um baú velho, lhes ocorreu transformarem-no numa embarcação. Depois de impermeabilizarem o fundo da arca com alcatrão e areia, dirigiram-se para o calhau, onde, literalmente “de bliquinha de fora”, deram início ao que, segundo seus desejos, seria apenas um bordejo sem perder de vista o “Cunhal da Maré”. Embora o “capitão Macarrão” se esforçasse por indicar o rumo, foram; o vento e as correntes, quem de facto os comandou. O “bote” não obedecia aos improvisados remos!
Já aos olhos dos três imberbes aventureiros a costa de Santa Clara pouco mais era do que uma silhueta, quando, recolhidos por tripulantes de um petroleiro, e depois de convenientemente agasalhados e alimentados, os “marinheiros de baú” foram entregues à “lancha dos pilotos” que os trouxe para terra.
“Márinho” ainda recorda a sova que mestre Juvenal, seu pai, inflamado pelo alarido armado em Santa Clara, lhe deu junto às antigas instalações do Clube Naval. Pudera!
Do próprio, in A. O. 24/04/07; “Cá à minha moda”

terça-feira, abril 10, 2007

Canudos a metro

Não tem sido nada edificante a imagem que a “novela” Universidade Independente nos vem proporcionado por estes dias, com os seus mais altos dignitários, todos supostamente respeitáveis senhores doutores, mas que ao invés de se comportarem como responsáveis agentes de educação que o são – ou deveriam ser –, têm antes vestido a roupagem de mediáticos actores, vilões de uma série policial, como que inseridos num “drama de faca e alguidar” que parece nunca mais ter fim. E tudo isto acontecendo quando uma das bandeiras do momento é, precisamente, a melhoria de competências e qualificações!
Nunca como durante as ultimas semanas recordei, tantas vezes, uma frase proferida com um misto de graça e convicção quando chamam de “sôtor” a um bem-humorado amigo, não licenciado, que nestas ocasiões logo se apressa a retorquir: “Olhe por favor, chame-me simplesmente senhor. É que doutores e engenheiros já são tantos que sendo a sua intenção distinguir-me, ou agraciar-me, nem sabe como lhe agradeço ser apenas tratado por senhor. Estes sim, os verdadeiros Senhores, já são poucos. Cada vez menos. Uma autêntica raridade”.
Esta semana promete, e muito mais do que a curiosidade que tenho – e, confesso, é alguma – em conhecer os intricados pormenores que envolvem a licenciatura do “Eng. Sócrates”, verdadeiramente interessado estou, é, em saber quantos outros (tal como já fez um dos sócios da empresa proprietária da UnI respondendo às suspeitas levantadas, pelo então ainda reitor, sobre a validade da licenciatura em Direito que aquele diz possuir, “canudo” obtido no estabelecimento que ambos desejavam controlar, razão pela qual uns quantos estão a contas com a justiça) poderão continuar a dizer; “o meu diploma é tão verdadeiro como o do senhor primeiro-ministro”.
Só mesmo em Portugal!
Do próprio, in A. O. 10/04/07; “Cá à minha moda”