terça-feira, julho 29, 2008

O outro lado da crise





O disparo, a pique, do preço do petróleo (ao ponto de até alguma esquerda admitir o nuclear como solução aceitável) e a crise daí resultante, se para mais nada servir, deu pelo menos para colocar o transporte público na ordem do dia. Ainda bem!
Os mais novos nem imaginam, mas entre os mais velhos, tirando aqueles que, como que de propósito, parecem fazer questão de não lembrar, alguns recordarão que tempo houve em que dois autocarros (as “Centrais”) se cruzavam em frente ao Mercado da Graça. Eram, ambos, um partindo do “Campo São Francisco” e o outro do “Largo da Pranchinha”, a base de um sistema de transportes públicos citadino, racional, que com mais duas ou três outras “carreiras” – Santa Clara, Ramalho e Passal/Bairros Novos –, para os padrões da época, até que funcionava bem!
Claro que se tratava do tempo em que o automóvel ainda não era dono e senhor da cidade, cujas ruas e largos, mais do que parques de estacionamento – negócio que entretanto já se expandiu ao subsolo – eram então local de circulação de peões sem risco de esmagamento nem necessidade de reivindicar um sistema de “peõeímetros” que os proteja e lhes dê prioridade.
O “progresso” a que se tem assistido, mais à custa de um ordenamento de ocasião, que privilegia o betão – e os brutos dividendos, também pardidários, que daí advêm – em detrimento do cidadão, foi incapaz de adaptar o que de bom havia; transporte público urbano é o que se conhece, tal como são cada vez mais aliciantes os inconvenienetes convites em chegar de carro ao centro da cidade (mesmo às zonas pedonais).
Por coincidência – será? -, um recente parque de estacionamento (na artéria em frente ao antigo quartel dos bombeiros), periférico como convém (quando comparado com os demais), e que, talvez por ter sido construído a preços módicos passou ao lado do “foguetório” habitual, porque "não há bela sem senão", passa-lhe também muito ao lado o parco sistema de transportes públicos existente. É pena!

A. O. 29/07/08; “Cá à minha moda” (Revisto e ligeiramente acrescentado)

terça-feira, julho 15, 2008

Furtado Costa





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Sem relação entre si, mas numa desagradável, e aparentemente interminável, sequência de outras – mais ou menos próximas, mas não necessariamente tão notórias (também para ti, Hermano, vai um abraço de condolências) –, fomos surpreendidos pela morte do Arnaldo Furtado Costa.
Há algum tempo que já não nos cruzávamos (em raros e fugazes encontros numa das esplanadas da marginal ao final da manhã, ou, numa ou outra boleia que lhe proporcionei até ao Estádio de São Miguel), mas ainda tenho presentes as suas – apesar de tudo – lúcidas observações, ultimamente despoletadas quase sempre com o CDSC como “rastilho”! Porém, há que dizê-lo, o caso do Furtado Costa é, claramente, um daqueles em que as boas recordações são tanto melhores – e em maior número – quanto mais no tempo recuarmos.
Quem pode esquecer o Furtado Costa do início da década de 70, e a enorme “lufada de ar fresco” que então foi o “Paralelo 38” (aqui, fica também a devida referência ao Aguinaldo de Almeida)?
Como esquecer uma voz inconfundível, marcante e bem colocada ao longo de vários anos, tanto na locução como na canção (como cantor, dizem os entendidos, o irmão, Humberto - que também nos deixou precocemente -, embora menos exuberante, não lhe ficava atrás!)?
Eu, confesso, não esqueço. Nem da voz, nem da pronta disponibilidade com que respondia e se entregava, sempre que acreditava: Foi assim em horas difíceis da luta por aquilo que de melhor queríamos para os Açores. Assim também foi, no início dos anos oitenta (82/83/84), quando, juntos na Direcção do CDSC, foi preciosa a sua colaboração no dinamizar da vertente social do clube – se não estou em erro, foi ele o responsável pelos primeiros passos do Paulino Pavão no Santa Clara, convidando-o a participar, como artista, num dos muitos espectáculos que organizou, realizou e dirigiu!? –, importante fonte de receitas, então, também muito necessárias!
Até sempre Furtado Costa. Repousa então, por fim, tranquilamente.
A. O. 15/07/08; “Cá à minha moda” (Revisto)

terça-feira, julho 01, 2008

Tudo muito “Simplex”, mas …



Finalmente, já estava hoje na minha caixa de correio algo que, pelo que me disseram a 20 de Março p.p. não deveria demorar a lá chegar mais do que quatro ou cinco semanas (como se uma “mão cheia” de semanas já não fosse um tempo por de mais “complex”). Acresce que, no entretanto, passaram também mais outras três semanas desde o dia em que, um mês e meio depois de iniciar o modo, moderno, e supostamente rápido de obter o novo e polivalente meio de identificação, e após uma outra demorada passagem pela “catedral simplex” cá do sítio, me convenceram – e fi-lo! – a pedir uma segunda via do documento em causa, agora perfeitamente dispensável.
Por óbvia necessidade, e convencido da rapidez de um sistema que o socrático marketing político – eficaz a vender, mas nada bom, e por vezes até muito mau, quando chega a hora do “serviço pós venda” – se encarregou de anunciar como mais simples e rápido (os: isso, aquilo e aquele outro “na hora”) do que tudo aquilo a que já nos tínhamos habituado esperar duas ou três semanas para conseguir, fui trocar o meu BI pelo multiusos Cartão do Cidadão. Sinceramente, nunca imaginei a “grande seca” que me aguardava. E, ainda nem fui confirmar os respectivos PIN’s!
De facto, podem chamar-lhe o que quiserem, mas um processo que começa antes da Primavera e só termina com o Verão já a decorrer, pode ser tudo, mas “Simplex” não é de certeza!
“Super Simplex” sim, é, pelo que se vai sabendo, a cobrança coerciva – com ameaça de penhora e tudo – de impostos mesmo quando indevidos, e, até, das multas de “mau estacionamento”, sobretudo quando aplicadas numa cidade que transformou em lugares de parqueamento pago (o preço do petróleo vai ajudar a “meter pelos olhos dentro” o que, apesar de dito à saciedade, nunca quiseram ouvir: é numa boa rede de transportes públicos, e não no estacionamento em plena “down twon”, que está a solução!) as suas estreitas artérias, algumas das quais, nem “passeios” por onde os peões possam circular em segurança, possuem.

A. O. 01/06/08; “Cá à minha moda” (Revisto e acrescentado)