sábado, março 30, 2013

Colonizados sim!



Quando o sentir-se colonizado já de si cria repulsa, é duplamente revoltante assistir à impreparação, falta de cultura e estatuto, e completa falta de prestígio e civilidade dos que (embora umas vezes mais hábil, outras de forma mesmo atabalhoada) da “colónia autónoma” só se lembram para humilhar e/ou “sacar”. E não são só “relvices”, como a de equivaler as Assembleias Legislativas do Açores e da Madeira a Assembleias Municipais. São também muitas outras “aldrabices”, como a putativa “extensão da plataforma continental”, milagre geofísico com o qual se pretende abocanhar as riquezas do Mar dos Açores, aliás, como outrora foi feito com as do Brasil, Índia, Angola …, ou até a mais recente “sacanice” ao reduzir o conceito de solidariedade à autorização de acréscimo do endividamento camarário para responder a uma questão que claramente afecta os Açores em geral, não só uma ilha, muito menos um só município!
O preconceito colonial português é velho, e quando muda é para pior. Se há diferenças entre os “velhos colonialistas” e os “colonialistas da nova vaga” estas em nada favorecem os actuais. Uns, os de então, escorados pelo que à época se pensava sobre o assunto, pelo menos não ignoravam que muito antes da Índia, Angola, Moçambique, Cabo Vede e S. Tomé, já os Açores reivindicavam a sua independência. Os de hoje são, quase todos, “uns relvas”!
“A Administração Colonial Portuguesa” (Carneiro de Moura, Livraria Clássica Editora, 1910) é prova de como o tempo passa mas “a escola” permanece. Vale bem uma leitura na íntegra, mas, até porque ajuda a perceber muito do que ainda hoje acontece (e quanto mais de direita for a “administração colonial” tanto pior), deixo-vos com esta parcela da pág. 14 da referida obra:
“ (…) A colonização portuguesa da Madeira e dos Açores está de há muito no regime pleno de assimilação, e Cabo Verde, Angola, Índia, S. Tomé e Moçambique têm sido regidas quase inteiramente pelas leis gerais da metrópole. Mandam deputados ao parlamento, e até se lhes aplica a urdidura política administrativa do continente. E no entanto é nos Açores que as tendências separatistas são mais notadas, de onde não se pode concluir que a política de assimilação não evita a independência das colónias, que alguns julgam ser mais facilitada pelo regime da autonomia.”

Já vai longa esta quaresma. Boa Páscoa!


A.O. 30/03/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado e com outro título)