sábado, dezembro 21, 2013

Passos pesado


Não, não se trata de para aqui trazer a decana das bandas de rock cá do sítio, meritória e tenazmente liderada pelo Tony Pimentel, os: “Passos Pesados”. E não o é, não porque esta o não merecesse mas porque, aqui e agora, Passos pesado é, digo eu, o “retrato” do estado de espírito do Primeiro-ministro de Portugal que, impreparado, obcecado e claramente “comandado” pelo escol ultra liberal experimentalista que o tem cativo, insiste em testar os limites da Constituição que em tempos se propunha alterar (e urge alterar, mas para permitir "Partidos Açorianos" e deixar de considerar "fascistas" aqueles que defendem a Independência dos Açores e da Madeira), mas que no entretanto mais não faz do que a tentar “esgaçar” . E fá-lo insistente e repetidamente!
Passos pesado, pesadíssimo, em especial quando comparado com o seu vice, líder do partido que garante uma maioria cumplicemente especada em Belém (dos pasteis, não da Palestina), um “Pálim” que a cada dia se apresenta mais leve, levíssimo, tão frívolo que até “dá festa” a fim de inaugurar um qualquer relógio em contagem decrescente para o que ele diz ser o fim do ciclo de protectorado, quando todos – incluindo o próprio – sabem que, adjectivado de “Resgate II”, “Cautelar I” ou do que quer que seja, a decrescente contagem irá continuar, logo já em números negativos, ao longo de mais tantos dias quantos possam conter, no mínimo, uma década.
O Passos pesado foi mais uma vez reprovado, afundado com mais um chumbo, desta feita de forma unânime, sem deixar dúvidas a ninguém que não a si próprio e a alguns dos seus. Chumbo pesadíssimo, corolário de uma colecção de chumbos sem igual, o que em condições normais exigiria o assumir das devidas consequências.
Valham-nos as “forças de bloqueio” que, por mais estranho que pareça, também têm valido a Passos, o pesado. A ele e ao seu governo, na medida em que, como é comummente aceite, o penúltimo chumbo contribuiu fortemente para atenuar a austeridade tida por eles como redentora, proporcionando os indicadores ditos de “inversão de ciclo” que tanto têm excitado “os meninos rabinos”: pesados e levinhos!
E, porque eles são como São Tomé, só espero que a dose de austeridade agora impedida com o chumbo Pb13/0” continue a contribuir para melhorar os índices que tanto os lisonjeia.

A.O. 21/12/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 

domingo, dezembro 15, 2013

Um presépio inesquecível


                             Para mais informação: https://www.facebook.com/freguesiadesantaclara?fref=ts

Quando as memórias de infância se enredam com presépios, para além daquele que se fazia lá em casa; quase sempre no mesmo canto, quase igual de um ano para o outro e com bonecos tal como “casinhas” já usados pelas gerações anteriores, recordo sempre em simultâneo outros três: o “da Ribeira Grande”; pelo encanto dos movimentos resultantes da sua arcaica mecanização ao que acrescia o prazer do longo passeio que proporcionava. O da Igreja de São Pedro; pela juvenil sensação de aventura que se sentia ao entrar na longa “caverna” que a arte o engenho e a muita imaginação do Padre Baptista criava para ao longo dela instalar as cenas bíblicas que o completavam. E o “da Fábrica do Açúcar”; o mais vezes visitado, já que estava mesmo ali ao virar da esquina”, literalmente!
O grande impulso para o revisitar acontecia quase espontaneamente ao passar no portão principal (alguns metros a Poente do actual). Ultrapassado este, já em frente da “velha balança” era possível ver, localizado à direita dos tanques de descarga da beterraba o amplo armazém que acolhia o objecto daquela impetuosa visita, em cujo interior, como que por um passe de mágica, se “fazia noite”. Rapidamente ficávamos presente um encenado firmamento, quase tão escuro como o breu, onde sobressaíam as muitas estrelas cujo brilho garantia a escassa iluminação ali existente. Um agradável aroma a verdura picada acentuava o despertar dos sentidos que a ausência de luminosidade já havia convocado, para, quando menos se esperava, o forte clarão de um simulado relâmpago iluminar toda a área, revelando e/ou realçando pormenores até ali encobertos. Desaparecidos de cena os coriscos e respectivos clarões, com o regresso à penumbra chegava também um ruidoso fingido trovão, após o qual, sonorizado pela zoada de água a correr, um compacto conjunto de fios brilhantes pendentes, cintilando, criavam a ilusão de uma chuvada torrencial. O tempo passava num ápice. Por vezes até se perdia o primeiro filme da matiné do Coliseu.
A propósito: Inspirado no “Presépio da Fábrica do Açúcar” a partir de amanhã estará patente ao público o “Presépio de Santa Clara”. Visite-o!  

A.O. 07/12/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado) 


Ai, ai, ai… não fosse o Império …

Tal como em tempos idos, hoje também em época amargurada pelo autoritarismo, pela emigração e por abundante miséria e fome, um dos recorrentes compensatórios “efes”, no caso o do Futebol (o de Fado anda agora mais erudito mas outros ainda continuam a atenuar muitas mágoas e aflições), permitiu recentemente a um alargado número dos súbditos do ex-império alguma tão narcótica quanto efémera alegria. Ao longo de algumas horas até esqueceram a Troika e os incompetentes “Migueis de Vasconcelos” que no protectorado a representa, uns e outra obstinadamente levando a cabo uma destruidora experiência neoliberal que só aos seus olhos é virtuosa.
Foi tal a euforia que, mesmo só quanto ao futebol, até ficou esquecido que o recente êxtase só aconteceu porque, na altura certa, não houve querer – e talvez saber – (facilitar e deixar tudo para a última hora: eis outra marca idiossincrática dos "Tugas") para conseguir o apuramento directo. Mas, como quase sempre “há males que vêm por bem”, o “Play-off” consagrou Cristiano Ronaldo. O Portugal vs Suécia cedo se transformou num Ronaldo vs Ibrahimovic e logo num Ronaldo vs Messi com foros de Reino de Castela vs Republica da Catalunha. Até a uma segunda mão do patético Joseph Blatter vs “Comandante” se assistiu, tudo acabando – pelo menos para já – num global confronto Coca/Pepsi. Grande CR7!
Pelo menos por algum tempo “os restos do Império” (sim, os restos do Império: e não me refiro só ao Pepe, também ao Bruno Alves, Nani, Varela, William Carvalho, Bruma, Cristiano Ronaldo e Rúben Micael) se sobrepuseram à Troika e a todos os troikanos! Aliás, bem representativo da “herança imperial” é o facto de na lista dos melhores marcadores ao serviço da Selecção Portuguesa aparecerem por ordem crescente: o moçambicano Eusébio, e em exequo (pelo menos por enquanto) o açoriano Pauleta e o madeirense Ronaldo, este último bem posicionado para, tal como o “Pantera Negra”, por muitos e bons anos estar habilitado a ser o melhor de todos. 
Com alguma pena minha, claro, pois, mesmo gostando de Poncha, continuo preferindo Vinho de Cheiro com Laranjada a Coca-Cola!

A.O. 23/11/2013; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)