A mãe pátria da democracia – o berço de Clístenes
e Péricles – chegou-se à frente e, à Syriza, colocou uma pedra na engrenagem que
vê a austeridade como panaceia para todos os males de uma UE coxa e falha de
líderes capazes de realizar alguns dos seus mais nobres objectivos: desenvolvimento sustentável assente em crescimento
económico; combate à exclusão social; solidariedade e respeito mútuo entre os
povos; erradicação da pobreza.
Como sempre, na ausência de lideranças com
envergadura, aparecem as "marionetes", gente incapaz de evitar, por exemplo, o “peso
das botas” da Sra. Merkel ou “a chibata” do Sr. Schauble. Se o recente “bater de pé” dos helénicos vai mudar a
situação, não sei. Só por si temo até que não! Fica porém a esperança de se ter
aberto uma brecha na “frente alemã”, contribuindo para transformar esta “nuvem
negra”, austera e já fazendo lembrar velhos tempos, em algo que reponha o sonho,
traga ânimo, confiança: que nos volte a sintonizar com Beethoven e o seu "Hino à Alegria". Se é estreita a frincha conseguida
pela Grécia? Sim, é! Mas também, não tendo sido a acção dos pequenos
grupos de resistência o que determinou o fim da penúltima ocupação germânica, o
seu contributo e coragem foi uma grande ajuda para a expulsão dos invasores.
Mantêm-se
o imperial sonho de alguns em dominar a Europa e o Mundo. Frustradas que foram
as tentativas do século XX (1914/18 e 1939/45), o século XXI começou praticamente com uma
terceira, sem recorrer a armas convencionais, claro, mas trocando-as por outra:
o poder do Euro/Marco. A arma é diferente mas a arrogância e determinação de
quem a usa recorda os déspotas do passado (só que agora sem o mini bigode). As recentes
provocações do Sr. Schauble, até adjectivando de irresponsável o Povo Grego
(eleitores e eleitos) são disso demonstração. Outro “todo-poderoso” daquelas
bandas também começou por tratar com semelhante desdém os judeus e outras minorias.
Tudo acabou como se sabe, não sem que, antes, mesmo já próximo do fim, também fossem
vistos “meninos bem comportados” extasiados, porque fotografados ao lado do
líder; o querido, o louvado, o idolatrado fuhrer!
AO. 28/02/2015; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)
AO. 28/02/2015; “Cá à minha moda" (revisto e acrescentado)